sábado, 18 de maio de 2019

Reencontro


Imperatriz-Ma, 18/05/2019 às 02:11h

Olá Jéssica de 28 anos! Como você cresceu! Há muito tempo não escrevemos juntas, né?
A Jéssica esperançosa, criança e insegura saúda a Jéssica saudável, determinada e feliz de agora com muita alegria.
Senti saudades de nossas conversas e reflexões nem sempre convergentes. Senti saudade das rimas quase métricas, da referência em arte e literatura do ensino médio. E da descoberta de novos nomes e filósofos encontrados e revividos pelo meio do cursinho.

Que saudade dessa audácia e firmeza!!!
Agora vejo que você está completa. Ainda que por alguns dias. Estás plena! Até o teu sorriso parece ter crescido. E parece mais aconchegante. Sem receios. Suas raízes aparecem. E você não teme por isso. Agora você descobriu que tem uma personalidade. E que nem sempre será preciso usar outros nomes ou pessoas para se referir a si própria. Você parece ter sido vista distribuindo carisma, educação, sensibilidade e competência pelos novos caminhos da vida. Que bom! Eu já esperava algo assim vindo de você.
Estou feliz em te ver também. Você foi fundamental. Aliás, é fundamental para tudo o que já aconteceu e para o que está por vir. Sem você antiga Jéss eu nada seria. Sem você eu jamais estaria aqui e agora. Estaria em outra realidade comedida. Que bom nos encontramos novamente e agora com muito mais vigor e esperança! Não fique triste pelo que já aconteceu. Sorria para todas as coisas boas que tem acontecido e por todas as possibilidades que estão por vir!

Continuemos juntas. Aprendendo. Conquistando. Sendo justas sempre que possível. Resistindo. Sejamos luz!

terça-feira, 13 de novembro de 2012





(A) Você.
Eu te conheci pelos pés. Por aquela sandália de couro, de solado de pneu de bicicleta que nós compramos na mesma cidade antes de nos conhecermos. Eu só enxergava sua sandália de couro e a sua calça jeans. Até que olhei pra cima e percebi seu cabelo longo e tuas tendências indígenas.
Seis meses depois a gente já trocava amigos e algumas palavras. Descobrimos nossas sandálias de couro em comum e o nosso gosto por Belém. E eu ainda vivo no fascínio dos teus pés que vivem escondidos numa sapatilha.
Acho que ao invés do tempo, foi o vento que passou. Um perfume estranho chegou aos meus ouvidos quando te abracei a primeira vez e descobri que era ali que eu queria ficar.
Permanecer. Estar. Abraçar. Compartilhar.
Encarei uma madrugada inteira e entrei na aula com cara de sono e sem nenhum trabalho feito só pra saber o melhor jeito de te manter por perto. Bem pertinho pra caso a gente sentisse frio, a gente pudesse se aquecer até com as palavras curtas.
Achei as melhores e as piores músicas pra te mostrar. Pensei sobre as flores. Inventei piadas sem graça pra te arrancar um riso mal feito e um punhado de atenção.
Senti duas ou três borboletas no estômago toda vez que os meus olhos confusos e desengonçados encontraram os teus.
Sinto calafrios quando fecho os olhos e vejo a gente dançando. Quando o asfalto quente e sujo dá lugar ao verde amarelado dos jardins e das sombras de árvores. Quando a fumaça é posta pra fora e naquele instante a gente parece fumar a mesma esperança.
Você já foi intragável. Já te engoli seco. Morri de ciúmes. Senti vergonha e medo. Te odiei por mais de um segundo mas não adiantou nada porque eu continuei amando.

Tenho a impressão que é como tomar café com leite e passar a língua de um lábio pro outro. É gostoso. Pena que você não sinta o gosto. Pena que eu só possa imaginar como é.
Você não cheira a sexo. Se a felicidade tivesse cheiro, seria você.
Você, seu jeans e a camiseta de uma só cor. Meu estilo.
Você e o seu jeito autosuficiente de ser. Um presente e futuro querendo ser felizes para sempre ou pelo menos por alguns minutos.
A sua banda desconhecida e o meu jeito bobo de ser. Seria?
Desejo que o céu esteja claro e azul-paz quando você decidir soltar pipa comigo. E que o vento não disperdice o tempo.
A.   Minha escolha é. Você.




**Foto por Adrielle Moraes. Todos os direitos reservados.



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Tempestade.




Ouço os trovões da sua banda preferida. Acabou  a chuva e começou a tempestade. Os ventos uivam, ferozmente,desde o tempo em que você me fez desacreditar em você. O escuro que você dizia ter, passou a ser um lado ainda mais negro. Nem as suas e nem as minhas lágrimas lavarão as trevas que há no seu ser. E eu culpo a sua formação no seu inteiro teor. Da concepção ao desenvolvimento. 
Me desculpe, extrapolei no meu apego. Apego demais pesa.
Dizem que somos jovens demais para tanto sentimento. Eu digo que jovem é o amadurecimento de todos os que assim pensam. Mas não os crucifico, ando longe de ser um romano.

Quando as luzes se apagam o meu respiro é um suspiro aliviado porque estou mais uma vez ao seu lado, compartilhando quase tudo. 
Quase.
Não há mais conversa. Risos amarelos e insatisfeitos enfeitam o chão que eu piso com vergonha e desespero. 
Amanhã amanhecerá com a vontade do esquecimento e tudo que conseguirei é um novo motivo para prolongar qualquer sofrimento. 
A glória passou de um orgasmo. Agora não há nós. Existe eu e você disputando quem dá menos de “si para ti”. Porque o que importa agora é o ego. 
O ego.
Sempre iremos reclamar quando nosso orgulho se ausentar. Consumidos pela opinião pública e a calamidade do ser.E  a sexualidade envolta dos absurdos sociais. Até que o próximo amigo se afaste porque está sofrendo do mesmo mal que você.
 Amor.
Mas ora vejam só quanto clichê. 
Não é inteiro. Se não é inteiro não é amor. Amor não é ficar por cima. É estar ao meio, como no início: as mãos gélidas e os calafrios amargamente disfarçados. É toda a razão trabalhando pela emoção. Todos os programas, fins de semana e feriados planejados para um único fim: amar. Ou seja lá o que for mais forte. 
Um banho dado pela primeira vez. Uma primeira-melhor-viagem da sua vida. O vômito de uma noite embriagada e sustentada no respeito confuso e meio consistente. A primeira droga da minha vida.

A vida compartilhada. O mesmo filme. O mesmo lençol. A mesma cama. A mesma música. A mesma covardia. E o mesmo pior orgulho. A mesma pior vantagem.
“Vantagem”. 
Já se passaram de dois Janeiros a dois Setembros. 
 O par é o que me interessa. O ímpar me enfurece. Quero resultados inteiros. Não quero ninguém e nada quebrado. Francionado. 
Te levo na mochila ou na minha nova bolsa de lado e da moda. Não importa como mas eu levo.

Volta. 
Transcende ao bom início e pára por lá. Porque foi puro. Mesmo que não pareça, foi. Foi o que todas as palavras e enfins não conseguem explicar com tanta veracidade e empolgação. Com respeito. 
ResPeito.
Da criança à mulher. Do sentimentalismo juvenil ao choque de realidade. Do desejo a amizade. Do prazer ao desconforto. Do desconforto ao prazer. Das idiotices à toda a sinceridade. E das idiotices sinceras. Da vergonha ao medo. Da ignorância ao esclarecimento e um milhão de explicações. Do ciúme à brincadeira. Da chuva a tempestade. Do sujo ao esgoto. Do chão ao chão. Do nu com o nu, sem nojo ou vergonha. E do pelo ao apelo. 
Da alegria até a tristeza. Do fim do ínicio ao fim do final e começo do re-início. Do mesmo erro e da vontade de ser diferente.

Da hora que agora são só segundos.
Do escárnio aos poemas. 
Daqui até aí. Indo e voltando. 
Da chuva . Tempestade. 



sábado, 28 de agosto de 2010

Do não-lixo.


Você sabe o que é lixo? Você sabe? Tem certeza que sabe?
Pois bem... Lixo: é tudo aquilo que não serve, é um supérfluo, é um inútil, é o que não se quer, é o que se joga fora.
E você não é um lixo. Nunca foi. E nem será. Digo por que me conheço. Eu te conheço. Eu digo por que eu ligo. Eu digo por que eu te mereço. Porque eu mereço cada espirro, cada bocejo e o teu apreço. Quando eu não tiver isso, aí sim eu vou dizer que sou lixo. Posso ser jogado fora. Descartado! Não vou ter utilidade. Eu vou existir só pra lembrar de você? Quando o que eu mais preciso é tua companhia desajeitada? Não! Prefiro ser pó.
Não é lixo, o que se precisa. E eu preciso de você. Com todos os defeitos mais perfeitos. Eu preciso do teu cabelo sujo, do teu all star antigo no canto, do rímel preto no teu olho, eu preciso das promessas de assistir um filme no domingo. Eu preciso da minha outra metade que está aí em você.
Quando você for lixo, a luz será escuridão. As flores não irão nascer. Nada irá. Nem a Terra existirá mais... será um vazio preenchido com trevas.
Não pode ser lixo, o que a humanidade precisa. De gente com luz. De gente com vida. De gente com problemas, como toda gente. De gente neurótica, pra que se desenvolvam drogas. De gente doente, pra receber remédio. De gente carente, pra receber carinho. De gente feliz pra doar alegria. De gente com luz, pra irradiar outra gente. De gente-você, pra me fazer crer na gente.
E é assim que eu sobrivo. É de você que não é lixo. É de você que é simplesmente o meu alívio. E por você eu gasto até o tempo que eu não tenho, o que for preciso e o que não for preciso.

Isto é para você minha Lhuz.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Luas (?)


Minhas palavras até poderiam te encontrar num bosque qualquer, mas elas mal saltam da mente pro resto do corpo. Invadiu-me e eu também. Eu também porque eu sempre invado. Minha necessidade de te ter em mim, me faz invadir. É que eu sou quem gosta de agir, às vezes... na maioria das vezes. Eu ajo com tudo, e nem sempre é doce, porque eu confundo muito também. Eu já disse que confundi você com uma pêra? A vontade de devorar e me prender na tua delícia é tanta, que eu te invado com água na boca.

Estava eu, tentando pegar uma condução pra fora (fora de você), mas eu me perdi... até saí mas li numa parede que eu precisava voltar pra dentro de mim/você. A parede me lembrou uma lembrança que tinha verde, amarelo, branco e azul. Ela sorria de olhos surdos. Ela chorava de nariz cego. É que ela... bom... você sabe.

Ocorre-me agora, que eu precisava de outro acaso. Um que me levasse pra uma casinha de vento. E quando eu entrasse nela, o vento iria trazer ou me levar quem e para onde eu quisesse. Acho que levaria uma toalha xadrez, porque de repente eu poderia fazer um piquenique e lanchar o perfume das flores, que é trazido pelo tal do vento. O mesmo vento que me traz você. Ele que traz teu cheiro e também teu gosto. É que o doce se propaga bem rápido. É por isso que eu gosto do vento. – Obrigada vento!

Eu precisei respirar uma gota do teu oculto, pra que me exibisse em tamanha crença... cri no que eu conhecia há tempos, mesmo sem conhecer. Cri porque é um comprometimento meu. Porque eu também creio no sol, mesmo quando ele vai iluminar outros céus. Porque ele manda alguém de sua confiança, a lua. E ela tem luz, é linda e muda. ELA muda. Mudamos. Tem dia que é triste, tem dia que mal aparece, fica escondida com receio... outros ela volta cheia, feliz e iluminando até quem não merece a SUA luz.

Pois fico aqui, esperando e observando ela ir e voltar. Fico porque acredito e gosto a gosto, das pitadas dela. Vou esperar e apreciar tuas novas e cheias. E isso é algo crescente. Não é um quarto e nem metade. É tudo. É todo. É a lua e o coração.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nublado


O nublado não deve ser abafado. Deve ser frio.
Gosto de você nublado. Não sabe se chove ou se esquenta, mas parece querer chover. E quando chove então... Acabo por me assumir em retrofilia.
Durmo em você, nublado. Sonho desejo. Acho que é vento e chuva, carne e espírito. Talvez se eu pudesse completar o nublado, faria chover. A chuva nem sempre é ruim. Eu falo de chuva e não de tempestade. Tempestade você já foi. Agora que está nublado, talvez devesse chover para aliviar o quente de mim.
De pingo em pingo a chuva começa. Já tentou? Você vai poder voltar e ser nublado como sempre foi. Aliás, é. Quando você se desprender do estacionário onde vive, haverá mudança. E não será do tempo. Será você. Sim, você. Por que não se pode ser nublado a todo tempo. O clima não muda com freqüência, mas o tempo sim. Aliás, os tempos.
Nublado em mim e em ti. Estagnei também, não é o meu forte. Não é meu talento, mas eu tentei. Pois cá estou, junto a ti. Vim saber como é que se é nublado. Agora que sou, eu não sei o que fazer. É só ficar assim: parado? Esperando as coisas mudarem? Eu não tenho talento para o estável. Desde que brotei eu mudo. Talvez não seja um grande negócio, mas é a possibilidade de movimento que me fascina.
Vou indo ser chuva ou quente, ou apenas vento. Eu gosto de você nublado. Gosto mesmo. É só um sentir em cuidar. Um gosto de você. Por que é que você não vem chover?
Chover é um alívio.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A luz do dia, a lua e os pássaros.
Verde cego, vermelho fome.
Entrelaços ao acaso jogados num liquidificador etílico tão suave quanto o paladar de pessoas adormecidas na audição de intervalos curtos e ondas sonoras de escuridão.

Azedo e gelado, procurado com sons amarelos.
Amarelo.
Amarelo.

Ensaios de risos amarelados, triturados com olhares desinteressados, inevitáveis e subordinados à estranhas frases idiotas e decadentes de quem devora o que vê. Risos amarelados, porém sinceros providos das mesmas frases idiotas e decadentes de quem não devora quem vê.

Os períodos são simples e os sujeitos compostos. O branco, agora, percorre.
Um prendedor rosa gliterinado e o seu possuidor começando a dormir na hora de acordar.

A cor mais bela aparece em barracas, gorro, copos descartáveis... no próprio céu. Sopros frios e levíssimos vão levando tudo embora. Em boa hora. Cantos e bater de asas configuram, agora, a sinfonia matinal.

Ainda mais cedo voei e voaram, certos ainda voam e, por certo, eu também, pois escrevo (?). Antes do ainda mais cedo, portanto, mais cedo ainda num contexto quase razoável , e, ainda escuro, emprego de filosofia vã e barata: Toda regra tem exceção.

As regras não teriam graça sem exceções... Seria tudo muito correto.