sexta-feira, 26 de março de 2010

Do nascer.

Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Carlos Drummond de Andrade.



Ontem (25/03/10,entre 9:00 e 10:00 hrs) veio ao "mundo real" o meu sobrinho, Heitor, e com ele um (re)começo. Uma esperança. A chegada de alguém que ainda não se conhecia, à quem se esperava anciosamente. Um novo olhar, um novo riso e um novo choro. Choro eu agora, de tamanha felicidade em perceber que o tempo passou... cresceram eu, meus primos e primas, amigos e amigas... nasce então a vida que gera vida.
Agora existe ainda mais esperança. Não se passaram doze meses, foram nove... passados em instantes, para estranhos, marcados para sempre entre mãe e filho. Existe em mim, a esperança de que o amor puro exista no coração dos pais de Heitor, que emane deles e encha de cores quem os circundam. Que ele traga renovação aos processos de sentir.

Que ele faça enxergar aqueles que não quiseram ouvir.

Isto é para o Heitor,Marcos, Mariana e para quem acreditar que há um começo, meio, fim e um (re)começo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

É todo um processo.

Chegaste. Tun-tun-tun-tun (124 bpm’s). É independente da vontade das partes. Hoje me cobri com algo diferente. Um preto, branco, marrom e xadrez. Unhas verdes. Há quem diga que estou bem, que fiquei bem. Há aqueles que pensam estar revoltada. E eu nada tenho dito. Observo. O vermelho desejo das unhas e o olhar sedução de olhos e sorriso. O jeito calado, alado, como quem desbrava além-mar. Cada segundo atencioso é rápido e também interessantemente provido de estranhas vontades.
Quanto à espécie: é mulher. Neste caso não há litígio e a minha voluntariedade de disposição é notável. O sabor me parece bom: um gosto de café quente, tomado à beira de pingos chovidos no mercado, quando de uma alvorada.
Estranho é achar que dois estranhos, de forma estranha, agradecendo por serem estranhos, não resolvam se entranhar de forma ainda mais estranha. Mas a mim não me é estranho, é corriqueiro. Pretensões estranhas de relacionamentos regados a aulas revistas.
Incomoda-me notavelmente aquela despreocupação, aquele ar de muito longe. Na verdade sou eu quem assim está. Não! Na verdade, somos nós. Mas não se trata da mesma dimensão. Eu despindo aquele ser e ele conectado a outro. E só me interessa que essa conexão não seja de corpo e alma. Vou precisar do corpo... E por que não a alma também?Ah! Mas pobre de mim... Um pobre pagão. Como poderei alimentar a bela criatura do mundo cristão? Difícil, temo ser, a conquista. Mostrarei cores, flores, canções, haikais, sonetos, poetas e liquidações de restos de uma suposta intelectualidade. É todo um processo. Porém, me pergunto: será?