terça-feira, 13 de novembro de 2012





(A) Você.
Eu te conheci pelos pés. Por aquela sandália de couro, de solado de pneu de bicicleta que nós compramos na mesma cidade antes de nos conhecermos. Eu só enxergava sua sandália de couro e a sua calça jeans. Até que olhei pra cima e percebi seu cabelo longo e tuas tendências indígenas.
Seis meses depois a gente já trocava amigos e algumas palavras. Descobrimos nossas sandálias de couro em comum e o nosso gosto por Belém. E eu ainda vivo no fascínio dos teus pés que vivem escondidos numa sapatilha.
Acho que ao invés do tempo, foi o vento que passou. Um perfume estranho chegou aos meus ouvidos quando te abracei a primeira vez e descobri que era ali que eu queria ficar.
Permanecer. Estar. Abraçar. Compartilhar.
Encarei uma madrugada inteira e entrei na aula com cara de sono e sem nenhum trabalho feito só pra saber o melhor jeito de te manter por perto. Bem pertinho pra caso a gente sentisse frio, a gente pudesse se aquecer até com as palavras curtas.
Achei as melhores e as piores músicas pra te mostrar. Pensei sobre as flores. Inventei piadas sem graça pra te arrancar um riso mal feito e um punhado de atenção.
Senti duas ou três borboletas no estômago toda vez que os meus olhos confusos e desengonçados encontraram os teus.
Sinto calafrios quando fecho os olhos e vejo a gente dançando. Quando o asfalto quente e sujo dá lugar ao verde amarelado dos jardins e das sombras de árvores. Quando a fumaça é posta pra fora e naquele instante a gente parece fumar a mesma esperança.
Você já foi intragável. Já te engoli seco. Morri de ciúmes. Senti vergonha e medo. Te odiei por mais de um segundo mas não adiantou nada porque eu continuei amando.

Tenho a impressão que é como tomar café com leite e passar a língua de um lábio pro outro. É gostoso. Pena que você não sinta o gosto. Pena que eu só possa imaginar como é.
Você não cheira a sexo. Se a felicidade tivesse cheiro, seria você.
Você, seu jeans e a camiseta de uma só cor. Meu estilo.
Você e o seu jeito autosuficiente de ser. Um presente e futuro querendo ser felizes para sempre ou pelo menos por alguns minutos.
A sua banda desconhecida e o meu jeito bobo de ser. Seria?
Desejo que o céu esteja claro e azul-paz quando você decidir soltar pipa comigo. E que o vento não disperdice o tempo.
A.   Minha escolha é. Você.




**Foto por Adrielle Moraes. Todos os direitos reservados.



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