quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Nublado


O nublado não deve ser abafado. Deve ser frio.
Gosto de você nublado. Não sabe se chove ou se esquenta, mas parece querer chover. E quando chove então... Acabo por me assumir em retrofilia.
Durmo em você, nublado. Sonho desejo. Acho que é vento e chuva, carne e espírito. Talvez se eu pudesse completar o nublado, faria chover. A chuva nem sempre é ruim. Eu falo de chuva e não de tempestade. Tempestade você já foi. Agora que está nublado, talvez devesse chover para aliviar o quente de mim.
De pingo em pingo a chuva começa. Já tentou? Você vai poder voltar e ser nublado como sempre foi. Aliás, é. Quando você se desprender do estacionário onde vive, haverá mudança. E não será do tempo. Será você. Sim, você. Por que não se pode ser nublado a todo tempo. O clima não muda com freqüência, mas o tempo sim. Aliás, os tempos.
Nublado em mim e em ti. Estagnei também, não é o meu forte. Não é meu talento, mas eu tentei. Pois cá estou, junto a ti. Vim saber como é que se é nublado. Agora que sou, eu não sei o que fazer. É só ficar assim: parado? Esperando as coisas mudarem? Eu não tenho talento para o estável. Desde que brotei eu mudo. Talvez não seja um grande negócio, mas é a possibilidade de movimento que me fascina.
Vou indo ser chuva ou quente, ou apenas vento. Eu gosto de você nublado. Gosto mesmo. É só um sentir em cuidar. Um gosto de você. Por que é que você não vem chover?
Chover é um alívio.

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